domingo, 17 de maio de 2009

GP, meu eterno amor

Quando li no jornal que o museu do GP estaria aberto hoje à tarde, eu já sabia que ia me emocionar ao entrar de novo naquele prédio da Rua da Aurora que tanto amo e que foi minha segunda casa de 1987 a 1991. Eu só não imaginava que a emoção ia ser tamanha, a ponto de não conseguir conter as lágrimas.

Eu já tinha entrado lá, em 2005. Contudo, como ficamos (eu, Emerson e Claudinha) restritos a apenas alguns lugares que a diretora nos liberou à época por se tratar de uma visita que tinha o objetivo de tentar viabilizar um encontro de ex-alunos, talvez isso tenha me feito refrear a emoção.

Hoje não.

Hoje não havia um guia, não havia restrições, não havia um roteiro a ser seguido.

Me chamou de imediato a atenção o fato de que nossa placa de formatura não estava mais na parede do lado direito da entrada, agora mais larga. Depois foi a vez de constatar que as janelas que por tanto tempo ouviram nossas conversas quando, há exatos 20 anos, estudávamos na sala ao lado da Diretoria, no térreo do GP, já não mais existiam. Alguém deve ter achado que o pátio interno deveria ter acesso geral e irrestrito.

Agora, onde antes havia janelas, há vãos interligando os corredores e o local onde antes havia o que chamávamos de laguinho, onde um dia, eu, algumas amigas e o homem do museu cuidamos das orelhas sarnentas de um gato que lá apareceu.
Não lembro se foi relembrando essa história ou se foi ao me deparar com a escada próxima à Coordenação Pedagógica que eu comecei a chorar. Olhar aqueles degraus me fez recordar de um dia em que eu e um rapaz que se insinuava como dono do meu coração nos encontramos num esbarrão ao acaso, repetindo a cena de um comercial que ficou famoso naquela época. Vi-me com meus 15 anos recém-completados e coração aos pulos por um encontro tão furtivo.

No corredor onde antes funcionava a Biblioteca, percebi os armários ao estilo americano. Aquele lado ali agora é todo de salas de aula, antes era ocupado pelas largas mesas, livros e a visão da quadra de basquete - onde hoje é uma área de convivência com árvores e mesas com tabuleiros de xadrez.

Segui em diante. Por um ano inteiro fiz aquele mesmo trajeto rumo à Sala 20, onde concluimos o terceiro ano científico. A Sala da Banda não existe mais, ao menos foi essa a impressão que tive. A nossa antiga, logo acima, estava fechada e agora atende às aulas de Matemática 2.

O Museu funciona onde antes ficava o auditório, local de nossas gincanas e da nossa colação de grau. Foi difícil manter a atenção voltada ao aluno de hoje que me dizia o que estava no acervo exposto. Num momento de nostalgia extrema, confessei-lhe que já estudara ali. Perguntou-me como era a escola no meu tempo. Chamou-me de senhora. Senti-me um tanto velha. Sinal claro de que o tempo passara e eu não era mais a mais nova da turma.

Revoltou-me ver que muitas coisas não estavam ali. Queria mostrar a Expe a grandiosidade do nosso Museu. "Montamos exposições temáticas agora. Soube que antes era tudo amontoado e escuro aqui", falou o aluno. Fui gentil com ele, feliz por ve-lo envolvido nas atividades da escola, mas tive vontade de contar pra ele a história de um outro GP.

Daquele no qual vivi e que, tal como hoje, exigia o fardamento completo e o cumprimento do horário para podermos entrar, mas que não dava cartões aos estudantes para que eles pudessem circular pelos corredores.

Saí do museu e as lágrimas me banharam o rosto quando me vi em frente à Sala 07, onde fiz a sétima e a oitava séries. Quanta mudança!

Quantas lembranças!

Foi quando Expedito percebeu que eu realmente chorava.

Tentando me recompor, eu o conduzi para o corredor do outro lado.

Pus a mão na janela e nos vi a todos ali reunidos, em uma aula de História, de professora Telma. Quase todo mundo queria ficar no meu grupo durante aquele ano. Senti saudades de todos!

E então descemos e enquanto descíamos nitidamente eu me vi sentada em uma dessas bancas de um braço só, estudando no intervalo entre duas provas, no dia em que Luiz Gonzaga morreu, pensando na vida e em como seria o futuro.

Quase parei para acariciar a imagem daquela garota de cabelos cacheados, que perdera um amigo, assassinado poucos meses antes, e se dizia que a vida era curta demais para deixar oportunidades boas passarem.

Quando achei que já tinha chorado tudo, achamos a placa da formatura da turma da gente. O estado lastimável não refreou mais lembranças ao ler o nome daqueles que dividiram comigo sonhos da juventude.

Ah, GP, se pudesse, quanto eu faria por ti!

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2 Comentários:

Blogger Ron Groo disse...

Sinto estas coisas em todas as eleições quando volto ao meu primeiro colégio.
Nó na garganta em cada canto em que vivi algo diferente. E foram muitas
Adorei o relato Gil, coisa de gente sensivel...

18 de maio de 2009 às 10:02  
Blogger Unknown disse...

Olá estou gostando de seu blog. Parabens pelo blog está muito bom

Cumprimentos

9 de novembro de 2009 às 16:28  

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