sábado, 30 de maio de 2009

Pensei que o avião fosse cair

Meus queridos cinco leitores, que eu tenho medo de andar de avião, eu nunca escondi e como senti medo voltando de São Paulo, no vôo 0166 da Gol, terça-feira passada!

Medo não. Se tivesse sido medo, tudo bem.

Foi pavor mesmo!

Achei que o avião iria cair!

Que meu lado dramático é exacerbado, eu até sei, mas vai dizer para ele não se manifestar quando você está a trocentos quilômetros de distância do chão, o piloto da aeronave avisa que "passaremos por uma turbulência moderada", o avião começa a chacoalhar, as luzes se apagam e ele começa a perder altitude, vai!

E não foi apenas uma vez, foram duas!

Faltavam 20 minutos para aterrissarmos no Aeroporto dos Guararapes quando a turbulência começou. E se aquilo ali é moderado, definitivamente eu não quero estar em um avião quando houver uma turbulência de nível mais elevado que aquele!

As crianças a bordo começaram a gritar, um homem que fazia planilhas em seu laptop na fileira ao lado, fechou o computador e se agarrou a ele enquanto eu me agarrava com o crucifixo em meu pescoço e rezava. Acho que nunca orei com tanto fervor e tão rapidamente em tão pouco tempo em toda a minha vida!

Devo ter misturado a Ave Maria, a Santa Maria e o Pai Nosso inúmeras vezes!

Quando o avião parou de cair e "só" chacoalhou, ninguém falava nada, o silêncio era reinante, todos com a respiração em suspense.

Tão logo a aeronave tocou o solo recifense, os aplausos ao piloto ecoaram por todo o avião.

Meus pés e mãos estavam suados, meu coração aos pulos e dei graças a Deus por não ter morrido em uma viagem que eu não queria ter feito.

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domingo, 17 de maio de 2009

GP, meu eterno amor

Quando li no jornal que o museu do GP estaria aberto hoje à tarde, eu já sabia que ia me emocionar ao entrar de novo naquele prédio da Rua da Aurora que tanto amo e que foi minha segunda casa de 1987 a 1991. Eu só não imaginava que a emoção ia ser tamanha, a ponto de não conseguir conter as lágrimas.

Eu já tinha entrado lá, em 2005. Contudo, como ficamos (eu, Emerson e Claudinha) restritos a apenas alguns lugares que a diretora nos liberou à época por se tratar de uma visita que tinha o objetivo de tentar viabilizar um encontro de ex-alunos, talvez isso tenha me feito refrear a emoção.

Hoje não.

Hoje não havia um guia, não havia restrições, não havia um roteiro a ser seguido.

Me chamou de imediato a atenção o fato de que nossa placa de formatura não estava mais na parede do lado direito da entrada, agora mais larga. Depois foi a vez de constatar que as janelas que por tanto tempo ouviram nossas conversas quando, há exatos 20 anos, estudávamos na sala ao lado da Diretoria, no térreo do GP, já não mais existiam. Alguém deve ter achado que o pátio interno deveria ter acesso geral e irrestrito.

Agora, onde antes havia janelas, há vãos interligando os corredores e o local onde antes havia o que chamávamos de laguinho, onde um dia, eu, algumas amigas e o homem do museu cuidamos das orelhas sarnentas de um gato que lá apareceu.
Não lembro se foi relembrando essa história ou se foi ao me deparar com a escada próxima à Coordenação Pedagógica que eu comecei a chorar. Olhar aqueles degraus me fez recordar de um dia em que eu e um rapaz que se insinuava como dono do meu coração nos encontramos num esbarrão ao acaso, repetindo a cena de um comercial que ficou famoso naquela época. Vi-me com meus 15 anos recém-completados e coração aos pulos por um encontro tão furtivo.

No corredor onde antes funcionava a Biblioteca, percebi os armários ao estilo americano. Aquele lado ali agora é todo de salas de aula, antes era ocupado pelas largas mesas, livros e a visão da quadra de basquete - onde hoje é uma área de convivência com árvores e mesas com tabuleiros de xadrez.

Segui em diante. Por um ano inteiro fiz aquele mesmo trajeto rumo à Sala 20, onde concluimos o terceiro ano científico. A Sala da Banda não existe mais, ao menos foi essa a impressão que tive. A nossa antiga, logo acima, estava fechada e agora atende às aulas de Matemática 2.

O Museu funciona onde antes ficava o auditório, local de nossas gincanas e da nossa colação de grau. Foi difícil manter a atenção voltada ao aluno de hoje que me dizia o que estava no acervo exposto. Num momento de nostalgia extrema, confessei-lhe que já estudara ali. Perguntou-me como era a escola no meu tempo. Chamou-me de senhora. Senti-me um tanto velha. Sinal claro de que o tempo passara e eu não era mais a mais nova da turma.

Revoltou-me ver que muitas coisas não estavam ali. Queria mostrar a Expe a grandiosidade do nosso Museu. "Montamos exposições temáticas agora. Soube que antes era tudo amontoado e escuro aqui", falou o aluno. Fui gentil com ele, feliz por ve-lo envolvido nas atividades da escola, mas tive vontade de contar pra ele a história de um outro GP.

Daquele no qual vivi e que, tal como hoje, exigia o fardamento completo e o cumprimento do horário para podermos entrar, mas que não dava cartões aos estudantes para que eles pudessem circular pelos corredores.

Saí do museu e as lágrimas me banharam o rosto quando me vi em frente à Sala 07, onde fiz a sétima e a oitava séries. Quanta mudança!

Quantas lembranças!

Foi quando Expedito percebeu que eu realmente chorava.

Tentando me recompor, eu o conduzi para o corredor do outro lado.

Pus a mão na janela e nos vi a todos ali reunidos, em uma aula de História, de professora Telma. Quase todo mundo queria ficar no meu grupo durante aquele ano. Senti saudades de todos!

E então descemos e enquanto descíamos nitidamente eu me vi sentada em uma dessas bancas de um braço só, estudando no intervalo entre duas provas, no dia em que Luiz Gonzaga morreu, pensando na vida e em como seria o futuro.

Quase parei para acariciar a imagem daquela garota de cabelos cacheados, que perdera um amigo, assassinado poucos meses antes, e se dizia que a vida era curta demais para deixar oportunidades boas passarem.

Quando achei que já tinha chorado tudo, achamos a placa da formatura da turma da gente. O estado lastimável não refreou mais lembranças ao ler o nome daqueles que dividiram comigo sonhos da juventude.

Ah, GP, se pudesse, quanto eu faria por ti!

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sport, 104 anos de emoção!


Ainda ouço o barulho dos 30 mil apitos distribuídos ontem na lha do Retiro antes do jogo contra o Palmeiras pelas oitavas-de-final da Libertadores.

Sem dúvida, o jogo mais importante e emocionante que presenciei no estado do meu amado rubro-negro. A festa da torcida antes e durante a partida foi SENSACIONAL.

Pareciamos os incansáveis argentinos, não paramos um segundo.

E entramos em êxtase com o gol que eliminou a vantagem do time verde de São Paulo.

Um "quase", um mísero "quase" e um irritante "se" impediram a festa maior.

Tivesse a bola chutada por Ciro nos minutos finais entrado ou os penaltis do Sport sido convertidos, a festa pelos 104 anos do Sport nesta quarta-feira teria sido indescritível.

Não foi.

Mas todos saimos de lá com a certeza de que nosso coração de Leão, de rei, é tão majestoso que só temos mesmo a comemorar nessa data que se não é tão festiva como queríamos é por isso mesmo merecedora de todas as celebrações.

Parabéns, Sport!

Parabéns, torcida campeã!

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domingo, 10 de maio de 2009

Como é grande o meu amor por você

Parafraseando o que diz uma das mais famosas canções de Roberto e Erasmo, eu posso garantir que quando eu estou ali, eu vivo esse momento lindo! "Ali" e "momento lindo" são uma apresentação do Rei.

Não sei se meus queridos cinco leitores já tiveram o privilégio de conferir ao vivo um show de Roberto Carlos. Eu acho uma experiência única. Talvez seja suspeita a falar pelo fato de já ter visto vários em ocasiões das mais diversas.

Acho que tinha 12 anos quando vi o primeiro e eu não me canso de dizer que ouço o Rei desde os tempos de moradia na barriga da minha mãe. E foi também por ela que estive no Chevrolet Hall ontem e hoje. Dei-lhe de presente a ida ao show da turnê dos 50 anos da carreira dele. Aliás, dei para mim também.

Nunca escondi que sou fã dele, principalmente por TUDO o que ele gravou nos anos 70, e para mim é um prazer estar presente nos shows dele.

A espera

Ontem, penamos CINCO horas na espera pelo show. Primeiro, informaram que os portões se abriram à tarde, mas como ia com mainha e a sogra do meu irmão, combinamos de chegar por lá às 18h30. Lá chegando, a pessoa da bilheteria me informou que o acesso só seria liberado às 21h!!!! E eu de imediato perguntei: então, o show vai atrasar? Sim, amigos, porque foi DIVULGADO EM TODA A MÍDIA E NO SITE QUE VENDEU OS INGRESSOS que a apresentação começaria neste horário.

Já havia uma pequena fila por lá e mainha, coitada, de muletas esperou improvisando um assento em uma rampa.

Às 20h, a confusão aumentou com as filas já dando volta na casa de espetáculo. Coisa de meia hora depois, as portas se abriram e as pessoas começaram a correr como loucas para pegar o melhor lugar.

Acabamos ficando na primeira fila do nosso setor (o mais popular, vulgo o mais barato).

Como a educação é um artigo de luxo no Brasil, as áreas de circulação foram fechadas pelas próprias pessoas que se amontoaram para ficar mais "perto". E como o Chevrolet Hall demonstrou não se preocupar conosco, os não-VIPS - o que desconfio ser uma regra em casas de shows, ir ao banheiro ou ir na lanchonete comprar alguma coisa era um tormento que só tive coragem de enfrentar uma única vez.

Começaram a surgir boatos de que o show começaria às 23h. Mas a hora chegou e passou e nada. As pessoas já estavam pra lá de impacientes quando as luzes se apagaram.

O show
Eram 23h35 quando um clipe mostrando momentos marcantes da carreira de Roberto começou a passar nos telões. Ele na época da Jovem Guarda, nos anos 70, nos anos 90, no programa d'Os Trapalhões, nos especiais da Globo. Um deleite para os fãs.

E aí ele foi anunciado.

O público foi ao delírio!

O Rei, que tantas vezes já comemorou o aniversário em shows em Recife e que foi na cidade que voltou a se apresentar em público, no ano 2000, após a morte da esposa Maria Rita, começou ao som de Emoções, já dando uma ideia de como seria a noite.

Durante aproximadamente duas horas, vários sucessos foram entoados pelo Rei e seus fãs. Coisas que eu só o tinha visto/ouvido cantar em shows quando da época do LP (sim, eu sou do tempo do disco de vinil) e nunca mais porque são músicas longas como Do fundo do meu coração. Mesmo álbum, de 1986, da lindíssima Amor Perfeito - esta última do trio Sullivan, Massadas e Robson Jorge. Aliás, deste mesmo disco, e em homenagem ao Dia das Mães, Roberto cantou a composição feita por ele e Erasmo chamada Aquela casa simples, na qual fala dos conselhos que a mãe lhe dava.

Aproveitando a deixa, Roberto cantou Lady Laura (do disco de 1978), uma declaração de amor à mãe, e Meu querido, meu velho, meu amigo, feita em homenagem ao pai. e lançada no álbum de 1979. Além da aguardada por muitos Detalhes, o Rei cantou Eu te amo, te amo, te amo, coisa linda gravada no disco O Inimitável, de 1968; É proibido fumar do álbum homônino de 1964, Quando, do álbum Roberto Carlos em ritmo de aventura de 1967 - o mesmo que lançou Como é grande o meu amor por você, penúltima música do show, momento no qual começa haver a movimentação de fãs para junto do palco a fim de pegar alguma rosa atirada pelo Rei ou para entregar algum presente; Proposta (de 1973), É preciso saber viver (de 1974), Além do Horizonte (de 1975), aquela música que sempre nos passa aquela sensação de que tudo vai acabar bem; Cavalgada (do disco de 1977, mesmo álbum de Jovens Tardes de Domingo, canção que achei nunca fosse ouvi-lo cantar ao vivo mesmo que em medley) e as temáticas Caminhoneiro e Mulher Pequena, que animou todas as miúdas da platéia, contei umas 10 ao meu redor se levantando e dançando ao som da música.

Um dos momentos mais marcantes do show foi quando ele cantou Nossa Senhora, um hino de fé e devoção, particularmente uma de minhas favoritas.


Jesus Cristo (do disco de 1970) encerrou o espetáculo enquanto todos viam Roberto atirando as famosas rosas vermelhas e brancas (sempre guardando a primeira para Maria Rita) e eu pensava o quanto seria magnífico se Elvis tivesse a oportunidade de vivenciar algo assim caso vivo ainda fosse.

Assim como no momento em que ele brincou apresentando os componentes da banda. Como a maioria está com ele desde os anos 60, Roberto usou os adjetivos "infantil", "jovem", "adolescente" ou expressões do tipo "que toca comigo desde a minha adolescência", sempre arrancando sorrisos e aplausos do público.

Público este que, de tão fiel, já aguarda o anúncio do próximo encontro.

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domingo, 3 de maio de 2009

Rio 2016 - eu apoio


Meu amado Rio de Janeiro recebeu esta semana a visita do Comitê Olímpico Internacional (COI), que conheceu algumas instalações e lugares onde as competições podem ser realizadas caso seja a escolhida (também concorrem Madri, Tóquio e Chicago). E o que se ouviu enquanto isso foi um sem número de reclamações em sites e fóruns de discussão condenando a atitude do COB em mascarar a realidade da Cidade Maravilhosa, uma vez que optaram por fazer o trajeto com os representantes do COI em um feriado - quando o trânsito obviamente flui melhor -, não mostraram as favelas vizinhas a locais de competição em Copacabana, Jacarepaguá e Maracanã, pintaram fachadas (o que apagou pichações) e até porque cercaram um buraco em uma calçada.

Se acho correto ou errado o que fizeram?

Antes de responder, que tal darmos um exemplo bastante comum?

Meus queridos cinco leitores, imaginem que vocês estão em busca de emprego e aparece uma vaga. O que você faz? Você pega a sua pior roupa, o seu pior sapato, despenteia todo seu cabelo, não usa desodorante, não escova os dentes e de preferência passar alguns dias sem tomar banho para poder ir lá fazer a bendita entrevista?

Aposto que não.

Eu, ao menos, nunca fiz isso.

Em uma situação em que você é avaliado o que você mais procura fazer é causar uma boa impressão. Então, você se arruma todo, às vezes até se "fantasia" de um personagem para conquistar a vaga (ou vai dizer que aquele terno, roupa social ou saltos altos e maquiagem perfeita fazem parte do seu dia-a-dia?).

E vai encarar o entrevistador. Aquele ser que vai comparar você e os outros candidatos para ver qual é o melhor para a empresa.

Lá pelas tantas ele pede para você falar de você e o que você faz?

Fala das suas constantes crises de tendinite? Quem sabe admite que não sabe mexer no Excel mesmo que a vaga tenha solicitado tal habilidade? Melhor: você diz que detesta obedecer ordens, cumprir horários e que fazer hora extra não é com você?

Não, meus queridos cinco leitores, vocês falam das suas qualidades, vocêm tentam transmitir uma boa imagem. Até porque não será seu concorrente quem irá tecer elogios para vocês e muito menos irá falar dos defeitos dele.
Portanto, eu acredito que o COB estava certo, sim, em fazer uma apresentação positiva do Rio e não ficar dando tiros no próprio pé.

Que a cidade tem problemas todo mundo sabe e o COI também, porque o que não falta é notícia ruim do Brasil lá fora, mas dimensiona-las a um mesmo patamar das qualidades, na minha opinião, é admitir que, além de você não saber se promover ainda garante que você pode até ter boas intenções mas não serve para preencher a vaga.

Se me permitem a sinceridade, eu até acho mais fácil um dia uma cidade brasileira ser escolhida como sede de uma Olimpíada do que acabar essa autosabotagem que há anos eu escuto as pessoas falando de que "o Brasil tem coisa mais importante a fazer do que gastar dinheiro com um evento deste porte".

Sempre achei um bla bla bla típico de quem tem discurso pronto.

Claro que o Brasil precisa fazer muitas obras importantes, mas tomando PAN 2007 como exemplo mais claro e recente: o País não afundou num mar de trevas por conta do investimento feito.

Não acredito que saúde, educação e segurança melhorem se a gente deixar de receber um evento deste porte, porque isto também movimenta (e muito!) a economia, vide os números do Turismo (e aí incluem não só hoteis e companhias aereas, mas bares, restaurantes, taxistas etc).

O que se deve fazer com o dinheiro investido num evento deste é o mesmo que se deve fazer na construção de uma ponte, de uma escola, na distribuição de remédios enfim: fiscalizar se o investimento está sendo empregado como se previa (aliás, eu ainda não vi ninguém reclamar da Copa do Mundo ser aqui em 2014, por que será?).

Torço pelo Rio, apesar de achar que Chicago será a selecionada.

Em outubro, todos nós saberemos.

Faltam 152 dias para o anúncio.

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